Assédio Moral Virtual

Que o assédio moral não é algo novo nas organizações nós já sabemos, porém com a pandemia e o advento do uso excessivo de tecnologia e ferramentas de comunicação remota, surge junto com o COVID, o assédio moral virtual.

A Era industrial trouxe consigo a mecanização dos seres humanos. Os maus tratos e humilhações existem desde o início das relações trabalhistas, porém, nas últimas décadas se ganhou um novo formato, em função do novo modelo organizacional que acaba por induzindo uma pressão sobre os colaboradores diante do atingimento de objetivos estratégicos e metas robustas traçadas pela empresa e apenas comunicadas aos seus colaboradores. Com a revolução tecnológica, o ser humano recebeu um “upgrade” de um ser mecânico para um algoritmo.

A pandemia nos trouxe a fórceps o uso de ferramentas de comunicação como zoom, teams e whatsapp e com isso veio uma obrigatoriedade implícita de se estar “on-line all-time” afinal, “time is Money”. Com a rapidez de mudança das informações a divisão entre itens importantes e urgentes se ruiu, fazendo com que todas as tarefas migrassem para urgência e o tempo dos colaboradores 100% disponíveis para a empresa.

Diante do novo formato de relação de trabalho flexibilizadas com a implementação de home office e o direcionamento ao cumprimento de metas robustas, o colaborador passou a ficar mais exposto, sendo muitas vezes conduzido à situações constrangedoras de trabalho podendo até afetar sua honra e dignidade humana como alguns casos conhecidos e expostos à mídia.

Em meio a pandemia, Vishal Garg, CEO Better resolveu demitir mais de 900 colaboradores via plataforma ZOOM. A frase dita por ele “viralizou” na mídia muito rapidamente:

Se você está nesta ligação, você faz parte do grupo sem sorte que está sendo despedido”, disse Garg na ligação. “Seu emprego aqui é rescindido com efeito imediato.”

Fico imaginando o que passou na cabeça desse CEO pouco antes de tomar atitude tão desumana e desrespeitosa. Será que sua mente foi sucumbida de certa forma a mecanização e essa atitude foi totalmente automatizada? Fico imaginando como os 900 colaboradores se sentiram ao receber uma notícia tão delicada, em um momento mundial mais delicado ainda.

De acordo com o levantamento realizado pelo IPRC (Instituto de Pesquisa do Risco Comportamental), mais da metade dos profissionais toleram assédio moral no ambiente de trabalho. Essa pesquisa tenta captar a visão das pessoas frente aos conflitos e dilemas éticos organizacionais bem como o grau de resiliência (soft skill importante para o mundo VUCA) dos profissionais a esses dilemas éticos.

Ao longo das últimas décadas e a busca havida por lucratividade rápida e a todo custo, se perdeu o que o ser humano tem de maior essência, sua relação com os demais seres humanos. Perdemos a prática de nos relacionarmos, perdemos valores básicos como respeito, cautela e principalmente a ética. Estamos vivendo em uma época a qual fomenta-se a diversidade, porém não podemos confundir diversidade com permissividade. Para explorarmos o termo diversidade, inclusão e equidade, pilares básicos do S do ESG, precisamos primeiro nos humanizar ao ponto de termos empatia e compaixão com todas as pessoas as quais nos relacionamos. Mas ter compaixão não é algo tão simples. Precisamos desenvolver o nosso coeficiente espiritual é preciso ter profunda empatia pelo sofrimento do outro, exigindo, portanto, não só um alto grau de consciência, mas também o ato de SENTIR a alegria ou tristeza do outro.

Para conseguirmos atingir esse grau de maturidade nas organizações, é preciso focar não só na conscientização de todos, mas também no desenvolvimento da liderança através do Compliance Humanizado e educação corporativa contínua.

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