Preocupação com segurança nacional e alimentar impulsiona a busca por autonomia dos países e também foi debatida
A China esteve no centro da reunião conjunta do Conselho do Agronegócio (Cosag) e do Conselho de Comércio Exterior (Coscex), da Fiesp, realizada em São Paulo. O evento contou com a participação de Alexandre Parola, chefe da representação permanente do Brasil junto à Organização Mundial do Comércio (OMC), de Marcos Galvão, embaixador brasileiro no país asiático e de Pedro Miguel da Costa e Silva, chefe da missão do Brasil junto à União Europeia.
Parola analisou a competição entre China e os Estados Unidos e o embate entre as duas potências na OMC. “Pela primeira vez desde 1945, o poder americano foi colocado em questão”, observou. “A disputa com a União Soviética era pela alma do Ocidente, isto é, por mais que houvesse um conflito, a União Soviética não tinha níveis de competitividade e integração econômica que ameaçassem os EUA. A China, por outro lado, está mais integrada ao Ocidente e ao capitalismo global, o que torna a disputa hegemônica mais acirrada”, disse ele.
De acordo com Parola, se antes os Estados Unidos buscavam frear a economia chinesa na forma de bloqueios e ameaças à sua retirada do sistema, atualmente o país lança mão de maior engajamento na OMC como nova abordagem. “Na disputa de hoje, vemos os EUA se empenhando para reformar a OMC à luz de seus interesses e manter sua capacidade de influência preponderante”, disse o diplomata. “Na contramão, a China busca manter a mesma capacidade hegemônica, mas sem implementar reformas, enquanto outro grupo de países deseja rever um conjunto de regras do sistema”, acrescentou.
Parola defende que é necessário que naveguemos entre todos os cenários. “Para nós, é interessante um sistema multilateral que funcione. Tendo em conta nosso perfil equilibrado, um mundo fragmentado não nos convém, a não ser que haja uma reorientação de mercados e cadeias, mas, ainda assim, regras são importantes pra gente.