Perspectivas e Preocupações no Comércio Internacional

Dizer que estamos em um cenário conturbado e de constantes mudanças virou clichê, mas o cenário internacional insiste em se manter volátil, o qual traz consequências a curto e médio prazo e transforma o cenário a longo prazo em incertezas que desafiam o planejamento das nossas organizações.

Vamos começar pela Rússia, que recentemente assumiu os territórios ocupados na Ucrânia. Essa ação ocorreu em um momento de contraofensiva com a recuperação de parte dessas terras, levando Moscou a mais uma derrota. Internamente a Rússia observa uma crescente insatisfação e agora sua população visualiza a perda de poder econômico, o recuo da atividade industrial, a saída de grandes empresas, a inflação acelerando e a saída de jovens fugindo para não se alistarem.

Emparedado e vendo como única saída, a Rússia vem ameaçando o uso armas nucleares táticas. Em contrapartida, o governo Americano e a OTAN dizem que essa situação é inaceitável e podem retaliar de forma mais objetiva.

Neste contexto, também se soma a decisões equivocadas da Europa e principalmente da Alemanha em concentrar cerca de 50% do abastecimento de casas e indústrias em um único fornecedor, inclusive fazendo investimentos para ampliação do sistema de gás vindo da Rússia com o Nord Stream 2.  A Alemanha deveria ter analisado estrategicamente o Michael Porter, o qual apresenta o poder de barganha dos fornecedores.

 

Figura 1 – Representação gráfica do modelo de cinco forças de Michael Porter.

Fonte: WIKIPEDIA, 2007

Neste contexto, bastaria a leitura e verificação que possível troca no fornecimento, seria de altíssimos custos com investimentos em longo prazo.

Poderiam também ter verificado livros de história e de relações internacionais, identificando que a invasão da Criméia pela Rússia em 2014 foi somente um movimento que agora se amplia. Agora não se sabe se terá fim com essa invasão, justamente porque a Ucrânia é o maior país europeu, que divide o leste e o oeste e possui importância cultural e principalmente econômica. O mercado já está sendo afetado pela guerra, nos preços dos fertilizantes da Rússia, produtos da agricultura da Ucrânia e agora veremos como possíveis consequências, aumento de preços de produtos produzidos na Europa, queda na produção, desempregos e queda do PIB.

Somado a esse cenário a China está vivendo uma crise energética gigantesca, com excessos de chuvas no início do ano, afetando a sua produção e agora com a maior onda de calor dos últimos 60 anos, que ocasionou seca, incêndios e calor excessivo em temperaturas em torno de 40 graus. Isso fez com que empresas como Toyota, Volkswagen e Foxccon interrompessem a sua produção. Se não bastasse a China vem realizando movimentos com seu exército perto de Taiwan, que tem interesse em assumir o controle, gerando maior instabilidade no cenário internacional. Temos ainda a questão de mísseis testados pela Coréia do Norte, mas vamos deixar para uma próxima postagem.

Essas circunstâncias afetam radicalmente o cenário internacional, com a geopolítica sendo determinante na estrutura e funcionamento. As cadeias produtivas estavam começando a se recuperar e se reestruturar e agora temos que repensar novamente nossas estratégias. O mundo mudou pós pandemia e se avizinha ainda maiores mudanças decorrentes das novas disputas internacionais.

Para o Brasil, surgem muitas possibilidades, já que possuímos uma matriz energética flexível,  mas que ainda necessita de investimentos. É forte nosso segmento de agronegócio, que poderá abastecer a esses mercados em crise. Mas também podem surgir muitas oportunidades no redesenho das cadeias de suprimentos, com incorporação de tecnologia, diminuição de dependência externa, fortalecimento de alianças estratégicas, formação de clusters e outras diversas formas de replanejar a atuação das nossas empresas. O sucesso está na tomada de decisão de forma estratégica antes que os problemas aconteçam ou podemos esperar que o vento seja favorável e nos leve onde queremos, porém nem sempre isso acontece.

Mapa interativo mostra os conflitos territoriais existentes no mundo

obs: Acessar o link pelo computador.

Autor: Luiz Santos.

Referências:

https://www.dw.com/pt-br/a-complicada-depend%C3%AAncia-alem%C3%A3-do-g%C3%A1s-natural-da-r%C3%BAssia/a-61067983

https://www.cnnbrasil.com.br/business/entenda-o-que-sao-nord-stream-1-e-2-e-como-eles-impactam-o-brasil/

https://descomplica.com.br/d/vs/aula/ao-vivo-a-ucrania-na-ultima-decada-29-07-2019-17h-15/

https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2022/08/seca-na-china-bate-recorde-e-pode-ter-riscos-a-economia-global.shtml

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